Manoel Porto Filho (1908-1988)
Manoel da Silveira Porto Filho (1908-1988)
Filho primogênito de Manoel da Silveira Porto e D. Mirandolina dos Passos Cardoso, nasceu em Pedra de Guaratiba em 1º de junho de 1908. Ali passou parte de sua infância. Cresceu como uma criança qualquer, mergulhando no mar nas praias de Ponta Grossa, Pabepa e Terreiro Grande. Nessas praias conviveu com pescadores, gente humilde do povo, que à noite, em frente a fogueira da Casa Grande, lhe contavam histórias fantásticas de homens e peixes. Nesse tempo a Pedra era uma pequena aldeia, num recanto esquecido pelo tempo. Mas foi essa gente simples que mais tarde lhe deram inspiração para belos sermões como o de Lucas 5:1-11, “A Pesca Maravilhosa” pregado em uma formatura de Seminário.
Fez seu curso primário nas escolas públicas do Prof. Reis e da Prof.ª D. Amélia. Mais tarde veio a necessidade da separação. Foi estudar o Ginasial do Pio Americano, em São Cristóvão, de 1923 a 1926. Naquele tempo, a Cidade do Rio de Janeiro era um lugar longínquo. Quando tinha folga e podia viajar para a Pedra, a família e meninos vizinhos do lugar vinham todos ouvi-lo contar as proezas da Cidade Grande.
Desde cedo aprendeu o gosto pela leitura. Seu pai, apesar de homem simples, era homem que gostava dos livros e mesmo por trás do balcão de sua pequena mercearia, ensaiava compor alguns poemas. Ensinou a Porto Filho o gosto pelos livros, lição que ele jamais esqueceu. A poesia o despertou para a música e foi assim que se tornou amigo inseparável de Diozílio Manoel Pinto Filho, menino da geração de músicos que mais influenciou a musicalidade da Pedra de Guaratiba de antanho. Foi a Diozílio Filho, a quem chama de ‘um dos meninos’ que ele dedicou um belíssimo poema, “BAPEBA E TERREIRO GRANDE”. Logo se descobriu a veia poética de Mestre Porto Filho, como nós, seus alunos, o chamávamos com orgulho. Compôs várias canções, antes de sua conversão, cujas letras são peças raras que o tempo ajudou a destruir. Uma delas, composição de 1931 – Deixa essa gente falar, foi tocada pela Banda da Pedra com arranjos de Diozílio Pinto.
Chegou a se matricular, mais tarde na Escola de Medicina da Praia Vermelha onde cursou até o terceiro ano. Pensou em ser médico do corpo, mas Deus tinha outros planos, e o chamou para ser médico da alma: foi estudar para ser pastor.
Sua conversão se deu em 1931 ao ouvir o Evangelho pelo Pastor Jonathas Tomaz de Aquino, na Igreja Evangélica Congregacional da Pedra de Guaratiba, pastoreada pelo Rev. José Barbosa Ramalho. Não demorou muito e seu batismo se deu em 1º de janeiro de 1932. Mais tarde matriculou-se no curso de teologia no Seminário Batista do Sul do Brasil, na Tijuca.
Em 27 de maio de 1937 contraiu núpcias com a senhorita Eunice Farias de Almeida, sua primeira esposa e com ela teve os filhos: Hélio Roberto, Norma, Maria Eunice, Paulo Renato e Jéter. Nesse mesmo ano foi ordenado ao ministério pastoral em 27 de dezembro. D. Eunice faleceu no dia 17 de dezembro de 1970. Porto contraiu novas núpcias com D. Evangelina de Almeida Porto, que veio a falecer em abril de 1988. Em 5 de fevereiro de 1941 assumiu o pastorado da Igreja Evangélica Campo-grandense, Igreja que pastoreou até a morte.
Foi em Campo Grande que ele se tornou mais conhecido. Foi sócio do Lions Club onde foi agraciado com o título de Sócio Privilegiado. Era membro do Instituto Campo-grandense de Cultura, da Academia Evangélica de Letras, da Academia de Ciências, Artes e Letras de Itaboraí e da Fraternidade Teológica Latino-americana. Por mais de vinte anos foi professor de Português e Latim do Colégio Belisário dos Santos
Escreveu vários livros de poesia, teatro e estudos bíblicos. Dentre suas obras podemos destacar: Tempos e Estações do Reino de Deus – 1946 (estudos bíblicos) / Benigna Luz (1958) – poemas / História e Mensagem dos Hinos que Cantamos – 1962 / Duas histórias de Natal dramatizadas – 1965 – Teatro / Em Seus Passos Que Faria Jesus? – 1961 – Teatro / História e crônicas de hinos favoritos – 1969 / Vinte Poemas de Fé e uma Canção de Saudade – 1972 – poemas / Romance do Amor Feliz – 1972 – poemas / A mensagem do Evangelho Hoje – 1975 – livro / Estudos em Efésios – 1979 – livro / Se Já Ressuscitaste com Cristo; Meditações em Colossenses – 1980 / Congregacionalismo Brasileiro – 1983 – livro / Roberto R. Kalley: apóstolo em três continentes – (seu último trabalho) / – Volume I – A Epopeia da Ilha da Madeira – 1987 / Volume II – O Ministério Pioneiro no Brasil – deverá sair ainda em 2020.
Morador de Campo Grande, pastor prestigiado por sua Igreja, professor de português e latim, escritor e poeta, Porto passou a fazer parte da vida social do seu bairro. O Lions Club de Campo Grande foi fundado em 1964. Eram 26 sócios fundadores e Porto Filho estava entre eles. Na década de 1960, ao mesmo tempo em que os tempos mudavam, a efervescência política e a revolução dos costumes conduziam a sociedade a se organizar.
Mais tarde os intelectuais da região de Campo Grande resolveram fundar um Instituto que abrigasse a classe pensante com o objetivo de difundir a literatura brasileira através dos titulares das 30 cadeiras, cada qual patrocinada por um dos mais consagrados estadistas, poetas e escritores do País, além de promover a cultura, a leitura, e a divulgação da produção artística dos escritores, poetas e expressões artísticas da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Surgia o Instituto Campo-grandense de Cultura. Porto Filho ocupou a cadeira número dez cujo patrono era o poeta Hermes Fontes. Coube a ele naquele 16 de março de 1968 o discurso inaugural de instalação do INSTITUTO CAMPOGRANDENSE DE CULTURA.
Porto Filho foi um homem completamente ligado à vida cultural de Campo Grande. Seus dotes literários, a riqueza da sua oratória e sua ampla cultura clássica foram se tornando conhecidos dos cidadãos campo-grandenses. Poeta reconhecido, passou a ser procurado para compor hinos das agremiações a que pertencia. O primeiro hino de Campo Grande é de autoria do dentista Dr. Newton de Almeida Costa, registrado na Escola Nacional de Música desde 10 de maio de 1946. O segundo hino, que viria se tornar oficial, é de autoria de Porto Filho.
Em 1989 o Vereador Maurício Azêdo propôs que se nomeasse uma rua de Campo Grande ou da Pedra de Guaratiba com o nome de Porto Filho. A solicitação foi aprovada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 21 de março de 1989. Depois de algum tempo duas ruas nas proximidades do Morro do Pedregoso, em Campo Grande, receberam os nomes, Rua Rev. Porto Filho e a outra Rua Manuel Porto Filho. Há também a Escola Municipal Manoel Porto Filho, localizada à Rua Pirapetinga, s/n, no bairro de Paciência, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
O Estado de São Paulo fez também a sua parte. No Guia de Ruas de São Paulo encontra-se a Praça Manoel da Silveira Porto Filho, no Alto da Lapa. Distinção maior lhe foi dada por meio do então Deputado Estadual Ivan Espíndola de Ávila, por meio do Projeto de Lei número 353/88, de sua autoria, que denominou de Rev. Prof. Manoel da Silveira Porto Filho a Escola Estadual de 1º Grau do Capão Redondo, subdistrito de Campo Limpo, São Paulo.
Porto Filho fez parte também da Academia Evangélica de Letras do Brasil, entidade fundada em 23 de outubro de 1962 com sede na cidade do Rio de Janeiro. Como membro fundador é Patrono da cadeira número vinte três desta prestigiosa agremiação.
A história documentada dos cânticos eclesiástico-congregacionais em português informa que a primeira edição da coletânea de hinos em mãos do povo de Deus data do ano de 1861. Na atual quinta edição dessa coletânea, denominada de “SALMOS E HINOS”, o Rev. Porto Filho contribuiu potencialmente para que esse hinário fosse escoimado de falhas filosóficas, teológicas, doutrinárias, semânticas, prosódicas e métricas. O tradicional SALMOS E HINOS, precursor dos manuais de Cânticos sacros em uso no Brasil, contém 53 composições versificadas por ele.
Assumiu a presidência da Junta Geral a partir de 1949 na Convenção de Vitória de Santo Antão, Pernambuco e foi reconduzido várias vezes à presidência, até a Convenção de Anápolis, Goiás, em 1958.
Faleceu no dia 5 de junho de 1988, quatro dias após ter completado 80 anos.
© 2020 de Manoel Bernardino de Santana Filho – Usado com permissão
Nota publicada no site da Academia Evangélica de Letras do Brasil – AELB:
Acadêmico Manoel da Silveira Porto Filho
Primeiro ocupante desta Cadeira.
MANOEL DA SILVEIRA PORTO FILHO, natural do Rio de Janeiro, Capital, 01.06.1908, escreveu, entre outros, HISTÓRIA E MENSAGEM DOS HINOS QUE CANTAMOS, TEMPOS E ESTAÇÕES DO REINO DE DEUS, EM SEUS PASSOS QUE FARIA JESUS(Drama), PREPARE SUA LIÇÃO ASSIM, BENIGNA LUZ (Poesias), LIÇÕES SOBRE ANÁLISE SINTÁTICA, HISTÓRIA DO CONGREGACIONALISMO, O APÓSTOLO DA MADEIRA.
Depois de ter cursado 3 (três) anos de medicina, deixou o curso e matriculou-se no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, onde se formou Bacharel em Teologia. Tornou-se Ministro Evangélico Congregacional. Casou-se com Eunice Farias Porto, com quem teve 5(cinco) filhos. Casou-se depois com Evangelina Farias Porto.
Professor de ensino secundário. Foi Pastor de diversas Igrejas Evangélicas Congregacionais. Fundador e Diretor do Instituto Bíblico da Pedra de Guaratiba, no Estado do Rio. Professor de Geografia Política, Grego e Exegese do Novo Testamento.
Foi Presidente da Junta Geral da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. Membro da Comissão Revisora do livro SALMOS E HINOS e também do HINÁRIO EVANGELICO, publicado pela Confederação Evangélica do Brasil. Escreveu vários hinos evangélicos.
Fonte: https://www.aelb.org/
- 4 SH (Atende a minha voz)
- 13 SH (Espera em Deus); 246 HE; S-42 IERB
- 31 SH (Adoração à Trindade) – 3a estrofe
- 51 SH (Deus Cuidará de Ti) – Tradução
- 53 SH (Junto ao coração de Deus) – Adaptação
- 55 SH (Ó Deus, eterno amparador) – Adaptação
- 64 SH (Deus dos antigos) – Adaptação
- 65 SH (Grandioso és Tu) – Tradução; 526 HCA
- 69 SH (Vós, criaturas de Deus Pai) – 2a estrofe
- 82 SH (O dom perfeito) – Adaptação
- 90 SH (Estrela da manhã) – Adaptação
- 92 SH (Na manjedoura) – baseado em letra atribuída a Martinho Lutero
- 109 SH (Contemplação da cruz) – Adaptação
- 113 SH (Páscoa) – Tradução
- 114 SH (Cristo ressurgiu!)
- 139 SH (Sublime amor) – baseado em Henry Maxwell Wright
- 143 SH (Excelso amor) – Adaptação
- 155 SH (A morte de Jesus) – Adaptação
- 193 SH (Descanso em Deus)
- 194 SH (Louvor a Jesus) – baseado em Antonio José dos Santos Neves
- 226 SH (Pecadores redimidos)
- 261 SH (Ofertório)
- 311 SH (Toda carne é como a flor)
- 321 SH (Tal qual estou) – Tradução
- 325 SH (Dedicação)
- 326 SH (Conversão) – baseado em Antonio José dos Santos Neves
- 337 SH (Maior amor a Ti) – Tradução
- 348 SH (Plena submissão) – Tradução
- 349 SH (Dedicação e fé) – Adaptação
- 366 SH (Contrição)
- 374 SH (Suprema aspiração) – baseado em Gerhard Tersteegen
- 381 SH (Grata memória) – Tradução
- 398 SH (Venturoso dia)
- 399 SH (Amor e providência de Deus)
- 400 SH (Deus buscou-me) – Adaptação
- 403 SH (Maravilhoso Jesus) – Adaptação; 63 HCC – Tradução
- 408 SH (Rocha eterna) – Adaptação
- 416 SH (Confia sempre em Deus) – baseado em Paul Gerhardt
- 421 SH (Proteção sob a cruz) – baseado em Elizabeth Cecilia Clephane
- 424 SH (Além das sombras) – baseado em Virgil P. Brook
- 430 SH (Comunhão dos fiéis) – Adaptação
- 494 SH (Benigna luz) – Tradução
- 495 SH (Dá-nos teu favor) – baseado em J. G. da Rocha
- 499 SH (Teu mando e tua lei) – baseado em J. M. Conceição
- 509 SH (O exemplo de Jesus)
- 524 SH (Cântico vespertino) – Adaptação
- 539 SH (Oração durante o batismo)
- 550 SH (Petição por obreiros)
- 554 SH (Perfeito amor) – Tradução
- 555 SH (Novo lar) – Tradução
- 591 SH (Formoso país)
- 651 SH (Coro-VIII) – baseado em H. M. Wright
- 93 HE (Santos Propósitos)
- 79 HE (Refúgio); 351 IERB
- 382 HCC (Senhor, se em meu caminho)
- 387 HCC (O meu clamor, ó Deus, atende)
- 567 HCC (Não há em Cristo Norte ou Sul) – tradução
- 577 HC (Em fervente oração) – tradução
- 218 CTP (Em fervente oração, vem o teu coração) – tradução
- 38 SL (Em fervente oração) – tradução
-
Legenda:
CTP = Cantai todos os povos
HC = Harpa Cristã
HCC = Hinário para o Culto Cristão
HCA = Harpa Cristã Atualizada
HE = Hinário Evangélico
SH = Salmos e Hinos
SL = Sempre Louvarei
Tive a honra de ser sua aluna no Colégio Belizário dos Santos, em Campo Grande!
Frequentava sua igreja para ouvir suas pregações, eu era católica! Seu filho Roberto , acho que foi evangelizar na Ilha da Madeira, Portugal!
Roberto foi pastorear em Porto Rico e lá viveu até o seu falecimento em 2016.
Ele foi evangelizar em Porto Rico, Colônia dos EUA
Gostaria de ouvir o hino escrito por ele Igrejinha antiga, minha mãe cantava quando eu era criança e só me lembro de uma parte.
Gostaria de alguém tem a letra desse hino , igrejinha antiga fosse publicada
Não te esquecerei, pelos dias meus,
Jamais, onde quer que eu vá,
Igrejinha antiga onde a voz de Deus
A todos falando está.
Se de ti me afastar, onde quer que for
Jamais me esquecerei de ti,
Igrejinha da infância onde a voz de mamãe
A Deus suplicava por mim.
Eu por mim não sei o que irei achar
Nos anos que vou viver,
Mas só peço a Deus que, por onde andar,
Eu não possa te esquecer.
Quando em dias maus eu, sem resistir,
Qual folha do vento for,
Tenha, ao recordar-te, em me acudir,
Igreja do meu amor.
Tive a honra de conhecer a pastor Porto Fiho, ser sua aluna no Belisario, fez a cerimônia do meu casamento em1975 , em uma igreja católica em Coroa Grande
Tive a egria de conhecer o Rev Poto Filho, desde criança e crecer convivendo com sua familia, principalmente com Renato e Jeter. Um Homem muito a frente do seu tempo. Realizou a cerimônia do meu casamento, na Igreja Catolica de Coroa Grande
Conheci o Rev. Porto Filho em 1961, quando fui estudar no Colégio Belisario dos Santos.Ele foi meu professor de Latim. Em 1975 realizou meu casamento junto com padre João na Igreja Católica de Coroa Grande.
Nosso professor, turma de 1978-1981, no Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro, Externato, que funcionava no prédio anexo à Igreja Evangélica Fluminense, Rua Alexandre Mackenzie 60, carinhosamente chamada por ele de Rua do Costa. Aulas inesquecíveis, sobre o Evangelho de João, incluídas suas apostilas sobre as Cartas aos Coríntios, tratados teológicos sobre a doutrina da igreja. Grande privilégio tê-lo como professor.