“Qual é a diferença entre um hino e um cântico ou canção religiosa?” Alguns estudantes de hinologia acham que um seria o desdobramento do outro, outros dizem que não há diferença porque ambos consistem de texto e música , e que podem ser doxológicos ou introspectivos em natureza. Ainda outros dizem que eles são diferentes, mas não sabem como articular em que eles são diferentes. Seria porque um fala a respeito de Deus e o outro sobre coisas humanas? Ou que os hinos são compostos por pessoas crentes e canções não? Ou que a estrutura do hino é mais rija, por ter métrica, normalmente regular, e rima, o que nem sempre acontece nos cânticos?
Estas questões nos relembram da tarefa que está nas mãos dos músicos conscienciosos, que talvez queiram saber mais e se preparar melhor para compartilhar as suas próprias definições e seus próprios conceitos da diferença entre um hino e um cântico.
Pensemos nas palavras de Paulo quando ele insistia que sua comunidade cantasse “salmos, hinos e cânticos espirituais”(Ef 5:19, Col 3:16) O que realmente é diferente entre um e outro, entre um hino, um salmo e um cântico? Enquanto afirmava sobre estas categorias diferentes, houve alguma tentativa de Paulo de elevar uma e depreciar a outra, como alguns presumem? Ou não estaria ele tentando enfatizar que não importa o tipo de música que cantamos, precisamos atingir o objetivo do canto: que é louvar a Deus com todo o nosso ser, sermos intruidos na boa doutrina, dar testemunho da obra divina e propagar o evangelho. Talvez agora seja a hora de encarar o canto congregacional como um processo musical que é muito mais do que simplesmente o fenômeno sonoro que surge de uma inspiração pessoal ou de uma atividade recreativa da comunidade, mas como algo que é realmente muito importante, que tem uma mensagem não falada, mas altamente sociológica, que não é necessariamente sobre sons de alturas diferentes organizadas, nem deste ou daquele estilo ou ritmo.
Estudos etnomusicológicos e sócio-culturais recentes, por eruditos como Joshua Busman (da Universidade da Carolina do Norte em Pembrooke), Monique Ingalls (da Universidade Baylor), Deborah Justice (da Universidade de Syracuse) e Tanya Riches (Fuller Seminary) têm mostrado que o canto congregacional tem o poder latente de nutrir e reforçar a identidade e a fé do indivíduo e da comunidade. A pesquisa sobre a nacionalização do Cristianismo na China, pode confirmar a respeito desta força não enunciada da música. De fato, na igreja primitiva, Agostinho de Hippo tocou neste assunto quando disse que o poder da música é mover e sensibilizar as pessoas. A cultura, a sensibilidade musical, e o hábito das pessoas podem ser bem diferentes. As pessoas não são iguais. É normal que cada pessoa reflita o estilo musical que conhece e está habituada, mais do que aquilo que porventura possa ser de melhor qualidade. A apreciação por outros estilos diferentes daqueles que conhecemos, sempre pode ser ensinada. Abre o horizonte e nos dá uma visão infinitivamente maior e menos provinciana e restrita.
Naturalmente muito mais pode ser feito para entendermos este poder da música, de qualquer estilo, de moldar a fé individual, e as vidas nas comunidades. Mas este poder terá muito mais efeito quando estiver totalmente desassociado dos estilos que nos lembram o velho homem, dos sons daqueles que não conhecem a Cristo Jesus!
© 2016 de João Wilson Faustini – Usado com permissão