Personalidades da Música Evangélica que fizeram história na política do Brasil
O Projeto Hinologia Cristã apresenta os músicos, compositores, cantores, tradutores, hinógrafos e até poetas evangélicos que exerceram mandatos legislativos no Brasil
Artigo escrito em homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil (1822-2022)
Em outubro, milhares de brasileiros vão às urnas escolher seus representantes para o legislativo e para o executivo estadual e nacional. E na disputa eleitoral deste ano, segundo pesquisa do Poder360, 520 candidatos são evangélicos. Mas você sabia que muitos desses cargos no passado já foram ocupados por músicos cristãos?
São compositores, cantores, tradutores, hinologistas, poetas evangélicos que, além de exercerem suas profissões, também ocuparam cargos na política, ajudando e votando leis a favor da população brasileira. Neste Sete de Setembro, em que celebramos o bicentenário da independência do Brasil, o Hinologia cristã apresenta alguns desses nomes que tanto contribuíram para o crescimento da nação.
Capelão militar durante a revolução constitucionalista de 1932, pastor da igreja metodista, Guaracy Silveira foi tradutor de alguns hinos conhecidos nas igrejas brasileiras como “Vinde, cantai, Jesus nasceu!”. Mas fez nome no país ao ingressar na política. Ele foi o primeiro nome evangélico de peso na cena política nacional brasileira. Foi amigo pessoal e protetor de Monteiro Lobato (1882-1948).
Seu objetivo era defender os interesses dos crentes do país, que na época eram uma pequena minoria. Foi deputado federal na primeira legislatura da redemocratização até 1951. Para ele, os crentes podiam fazer política e ajudar a determinar os rumos da sociedade.
“Ele não concordava com quem falava que não participar da política era uma forma de manter a Igreja pura, porque ele dizia que isso acontecia de qualquer forma, por debaixo dos panos. Ele defendia que era melhor fazer isso com clareza e honestidade”, contou pastor Cilas Oliveira em uma entrevista à BBC Brasil, em dezembro de 2021.
Ao mesmo tempo, defendia a laicidade. “Ele acreditava que o Estado não pode servir a uma religião, e o Estado não tem que mandar na Igreja. Que os religiosos podem se envolver na política, mas sem impor sua religiosidade a quem quer que seja”, completou pastor Cilas. Pastor Guaracy morreu em 1953.
Memória viva!
Compositor de mais de 134 hinos, entre eles “Vaso Novo”, que é cantado e foi gravado em mais de 190 países, pastor Nilton Tuller é outro nome de peso da igreja evangélica que fez história no Brasil.
Cantor, compositor, escritor, um dos fundadores da igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, Nilton é reconhecido também pela sua destacada atuação pública como vereador de Maringá (PR), no qual exerceu por dois mandatos.
“Todas as vezes que lembramos dessas pessoas que participaram de alguma maneira para o reino de Deus, sobretudo o louvor, que é muito importante para a liturgia da igreja, ficamos honrados. Essas pessoas foram abençoadas na vida da igreja e contribuíram muito para a sociedade através de sua participação na política”, disse o pastor que hoje está com 83 anos.
Política e música
“Uma vida para servir”. Esse era o lema de Carlos Rene Egg (Deputado Estadual), que faleceu aos 70 anos, mas deixou um legado no campo da assistência social e promoção humana. Cantor evangélico na década de 50, ele gravou 16 discos difundidos em suas viagens pelo Brasil, em função do incessante trabalho evangelístico que sempre gostou de praticar e foi deputado estadual por São Paulo.
Outro homem de referência no meio evangélico e que ganhou expressão nacional foi Matheus Iensen, que foi um dos primeiros cantores da música evangélica brasileira. Gravou inclusive um dos hinos compostos por Nilton Tuller, em 1961, “Existe um alguém comigo”. Cooperador da obra de Deus, ele influenciou toda uma geração através de seus programas radiofônicos, em Curitiba (PR). Além disso, foi Deputado federal pelo Paraná por dois mandatos – 1986 e 1990 – consolidando sua liderança política. Matheus Iensen morreu em 2019.
E não para por aí! Grande pregador do evangelho, bibliófilo e pastor de várias igrejas, pastor Rafael Gióia Martins Júnior ganhou destaque no meio evangélico nacional devido a sua vocação poética. Foi autor de mais de uma centena de cânticos para congressos, sendo muito cantados nas igrejas do país, além de ser autor de dois hinos conhecidos do Hinário para o Culto Cristão, o 473 (Segundo a vontade de Deus) e o 355 (Aflito, por que aflito?).
Gióia Júnior sempre se destacou como profissional e como cristão. Foi vereador em São Paulo, deputado estadual duas vezes (Vice-Presidente da Assembleia Legislativa), deputado federal em três legislaturas, membro eleito da Constituinte da Câmara Federal, e observador da Câmara Federal da ONU. Foi autor de vários projetos de lei que mostraram sua preocupação com a liberdade religiosa e com o bem moral e espiritual do seu país.
“Gióia Júnior foi um dos maiores poetas e um dos mais importantes parlamentares do Brasil”, afirmou Rolando de Nassau, uns dois maiores críticos da música na atualidade, ao escrever no prefácio do livro ‘Uma voz cristã no parlamento’, escrito e publicado por Gióia.
Finalizamos esse artigo lembrando de dois hinógrafos importantes, que coincidentemente foram Vereadores em suas Cidades: Alfredo Henrique da Silva, tradutor de “Bem de manhã, embora o céu sereno”, e Eudaldo Silva Lima (Vereador), tradutor da primeira versão de “As grutas, as Rochas Imensas (Um hino ao Senhor)”, posteriormente adaptado por Matatias Gomes dos Santos.
Apresentamos a seguir a “Oração Pela Pátria” de João Gomes da Rocha.
Texto: Priscilla Cerqueira, Jornalista
Idealização: Hinologia Cristã
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