Donald Bueno Monteiro (1952-2025)

Biografia

Rev. Donald Bueno Monteiro: Sua vida, seu legado

No dia 18 de maio de 2025, os amigos, colegas e alunos desse valoroso pastor, músico e professor receberam com imensa tristeza a notícia do seu falecimento, por complicações resultantes de uma cirurgia cardíaca. Donald, ou Donaldo, como preferia ser chamado, nasceu em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, no dia 27 de janeiro de 1952. Era filho do pastor presbiteriano Severino Gomes Monteiro (1920-2015) e da enfermeira Maria Bueno Monteiro (1919-1997). Tinha uma irmã, Sílvia, nascida em 14 de janeiro de 1961. Seu pai estudou no saudoso Instituto José Manoel da Conceição, em Jandira, e no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas. Formou-se em 1950, na turma Phillipe Landes. A mãe formou-se na Escola de Enfermagem Cruzeiro do Sul, anexa ao Hospital Evangélico de Rio Verde.

Donald fez uma parte do curso primário no Grupo Escolar Eugênio Jardim (1959) e no Instituto Evangélico Otoniel Mota (1960-1961), ambos em sua cidade natal. Concluiu-o no Instituto Samuel Graham (1962), na vizinha cidade de Jataí. Cursou o Ginasial no Colégio Estadual Martins Borges (1963-1966), em Rio Verde. Em 13 de dezembro de 1963, com 12 anos incompletos, professou publicamente sua fé em Cristo na Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Verde, sendo oficiante o Rev. Severino. Fez o Curso Científico no Instituto Educacional José Manoel da Conceição (1967-1969), em Jandira (SP). Essa célebre instituição estava prestes a encerrar sua magnífica carreira de 42 anos. Ingressou então no Seminário Presbiteriano do Sul, o mesmo em que havia estudado o seu pai, formando-se em teologia em dezembro de 1974.

No início do curso teológico, estudou música com a missionária americana Norah Buyers (1919-2013), grande intérprete e compositora. No ano seguinte, 1971, ao lado de vários colegas do seminário, foi um dos fundadores do conjunto vocal Jovens de Cristo, tornando-se posteriormente o seu regente. Durante vários anos, esse grupo iria se apresentar em centenas de igrejas, escolas, emissoras, praças e outros locais, em diversas unidades da Federação. Foi uma experiência empolgante, que fortaleceu os laços de amizade dos jovens seminaristas. Em 1972, o grupo gravou um disco compacto. Seus mestres no seminário foram os Revs. Américo Ribeiro, Matheus Benevenuto, Odayr Olivetti, Silas de Campos, Waldyr Cavalho Luz, Wilson Castro Ferreira e a professora Ana Maria Coelho.

Em 4 de janeiro de 1974, Donald casou-se com sua prima Vera Lúcia Bonifácio Guimarães (Guimarães Monteiro), nascida em Rio Verde no dia 4 de novembro de 1951. O casal teve três filhos: Tirza (Curitiba, 04.10.1976), André (Rio Verde, 11.07.1978) e Tiago (Curitiba, 10.12.1979). Em outubro de 1974, Donald ingressou no quadro de funcionários do Banco do Brasil, no qual iria trabalhar por 30 anos. Residiu por vários anos em Curitiba, a capital paranaense. Retornando ao seu estado natal, foi licenciado e ordenado pelo Presbitério Sudoeste de Goiás (PSGO) no dia 11 de janeiro de 1981, na Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Verde, tendo sido membro desse concílio até 1986. Inicialmente, foi pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Mineiros (GO), no primeiro semestre de 1981, e depois em sua igreja de origem, a Primeira Igreja de Rio Verde (1981-1985).

Em 1987, voltando a residir em Campinas, assumiu o pastorado auxiliar da Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara (1987-1990), como membro do Presbitério de Campinas (PCPN), ao qual esteve ligado até o final da vida. Foi ainda pastor auxiliar (1991-1994) e pastor evangelista (1995-1998) da Igreja de Novo Campos Elísios. Foi também pastor evangelista da Igreja Presbiteriana Betânia, em Hortolândia (1999), e da Igreja Presbiteriana de Vila Marieta, em Campinas (2002-2006).

Dotado de grande talento musical, fez o curso de Licenciatura em Música na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, em Curitiba (1976-1980). Em 1987, passou a integrar o quadro de docentes do venerável Seminário Presbiteriano do Sul, no qual foi professor de Música (1987), Liturgia e Hinologia (1999-2003), Teologia do Culto, Português e Música (2004), Teologia do Culto e Música (2005-2009), coordenador do curso de Bacharel em Teologia e professor de Teologia do Culto, Música e Monografia (2010-2025). Em 2012, formou-se no programa de Mestrado em Divindade (MDiv) no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo.

Publicou o livro O Culto Reformado: o padrão litúrgico dos reformadores como referência para os dias atuais (Aprisco, 2024), no qual destacou as contribuições de Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zuínglio e Martin Bucer. O livro, fruto de sua dissertação de mestrado, também foi publicado em formato eletrônico. Deixou uma rica apostila de “Teologia do Culto” e outros trabalhos. Foi colaborador da revista Fides Reformata (“Música religiosa no Brasil Colonial”) e da Revista Teológica do Seminário do Sul (“Martinho Lutero e o culto”). A turma de 2021 de formandos do SPS recebeu o seu nome. Em novembro de 2022, Donald criou o grupo de Whatsapp “Prosa Litúrgica”. Pouco depois, em março de 2023, diante da aproximação do cinquentenário da formatura em Campinas, criou um grupo para a turma de 1974, do qual participaram Adão Carlos Nascimento, Alderi Matos, Jader Sathler da Silva, Léa Siqueira, Ludgero Bonilha Morais, Mônica Lim, Nelson Bordini Marino e Naíde Lourenço. O colega Jader Sathler faleceu no dia 2 de maio de 2025.

A vida de Donald e sua esposa foi duramente marcada por problemas de saúde. Vera Lúcia esteve enferma e inválida por muitos anos, recebendo a carinhosa assistência do esposo até falecer no dia 7 de setembro de 2023. Donald foi afligido por problemas cardíacos, tendo sido submetido no início de 2023 a uma delicada cirurgia de ponte de safena e plástica nas válvulas aórtica e mitral. Em 14 de maio de 2025, precisou de nova intervenção, no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, para a troca das mesmas válvulas. A cirurgia foi mais difícil do que o esperado, e o paciente não mais se recuperou, falecendo quatro dias depois. A cerimônia de despedida foi oficiada pelo Rev. Fernando Arantes, pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara, que Donald frequentava há muitos anos. Foi sepultado ao lado da esposa no Cemitério Parque das Acácias.

Deixou os filhos já mencionados, Tirza, analista de sistemas, residente no Canadá; André, médico, residente em São Paulo, casado com Karina, e Tiago, engenheiro elétrico, residente em Campinas, casado com Natalícia, bem como os netinhos Samuel (6 anos, filho de André e Karina) e Helena (3 anos, filha de Tiago e Natalícia), e também a irmã Sílvia, residente em Brasília. A primogênita Tirza escreveu um bonito depoimento sobre o pai:

“Alguns o chamavam de Donald, os mais próximos, de Donaldo ou Dan. Para mim, ele sempre foi ‘Daddy’. Hoje adulta, eu tenho convicção de que foi uma bênção imensa ser filha dele. Meus irmãos, certamente, concordam comigo. Ele sempre foi calmo, ponderado, mas ao mesmo tempo justo. Não escondia nem minimizava os nossos erros, corrigia com amor, e nos dava colo pra chorar depois da repreensão. Foi marido amoroso e dedicado, o melhor exemplo que eu e meus irmãos poderíamos ter. Sei que ele renunciou a muita coisa para nos dar um lar estável em todos os sentidos, e nunca se ressentiu disso. Ele esteve presente nos momentos mais alegres e também nos mais difíceis. Sempre foi apoio, conselho sábio, amigo fiel, pai presente. Tudo aquilo que ele demonstrava em público, ele era ainda mais notadamente em particular, incluindo seu senso de humor inteligente e peculiar, sua inteligência aguçada, seu cuidado pastoral e coração terno e compassivo. Os frutos de sua vida e trabalho se mostram em todos aqueles que foram impactados por ele: alunos, ovelhas, e principalmente na sua família. Tenho certeza de que aquilo que aprendemos com ele ainda irá se multiplicar em muitos frutos para a glória de Deus. ‘Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor’ (Mt 25.21)”.

Alderi Souza de Matos

17.06.2025

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