Em primeiro lugar, leiam, meditem e interpretem a Palavra – Pr. Edilson Botelho
Em primeiro lugar, leiam, meditem e interpretem a Palavra
Comecei a compor muito cedo, acho que tinha uns 12 ou 13 anos. Quando fiz a minha primeira canção, morava nesse tempo em Manaus. O meu pai era pastor da Igreja Presbiteriana, e quis Deus que nós mudássemos para São Paulo. Eu cheguei aqui em 1973, e logo que cheguei, entrei em contato com o movimento dos Jovens da Verdade, fundado pelo meu tio Jasiel Botelho, e ali começou a minha carreira musical, o JV era o ambiente perfeito para amadurecer na composição. Fazia duas ou três músicas por dia, porque depois de voltar da escola não tinha mais nada para fazer a não ser compor.
Confesso: nunca fui um grande letrista, reconheço isso, não tenho habilidade de fazer rima. Entretanto, a minha preocupação era passar uma mensagem da forma mais simples comunicando o Evangelho. Sempre tenho mais facilidade de fazer a música. Quando o meu irmão Stênio Marcius e eu trabalhamos juntos, geralmente ele faz a letra, ele é um grande poeta, e eu faço a música.
Sempre me perguntam – “como nasce uma música? Bem amigos, é como um iceberg, no início você só vê a pontinha da música, uma frase musical, uma sequencia de acordes, uma frase da letra, o resto é trabalho mesmo, de testar uma harmonia, uma melodia, um ritmo. Às vezes eu recebo o tema de uma conferência, as vezes é um casamento de amigos, vem a inspiração, escrevo a letra e depois a música, mas isso é mais raro. No meu caso é sempre a música que vem primeiro, depois a letra tento encaixar.
Uma das música que Deus me deu o privilégio de compor foi a melodia para o hino 62 do Hinário Presbiteriano (‘Hino de Gratidão’), para a letra do Professor João Crisóstomo de Oliveira, pastor presbiteriano em Manaus. Ele havia escrito essa poesia, sua esposa, D. Jacobede (tia Jacó) me pediu para eu fazer a música. Anos mais tarde, a maestrina Atenilde Cunha me ligou em uma certa ocasião, me perguntando se era eu quem tinha feito a música, eu disse que sim, e ela respondeu: ‘Olha, deixa eu ver se é assim mesmo’, então cantou ao telefone, fez a partitura e depois esse hino foi publicado no Hinário Presbiteriano Novo Cântico.
Uma das coisas que marcaram o meu estilo de composição, foi justamente a música que eu ouvia nos anos 60 e 70. Eu melembro, quando cheguei a São Paulo em 1973, com 15 anos, eu ouvia MPB direto: Taiguara, Quarteto em Cy, MBP4, Ivan Lins, César Camargo Mariano, Elis Regina, entre outros. Mas, ao mesmo tempo eu cantava no coral, a Igreja Presbiteriana Independente do Ipi- ranga, em São Paulo. E o meu grande amigo Neemias Vassão, regente do coral, ensaiava hinos da década de 50, 60 que tinham uma linguagem musical estilo mini-ópera. E hoje, olhando algumas músicas que escrevi naquele tempo, percebo esses dois elementos combinados – e olha que eu não tinha a menor noção de que misturava esses estilos: o clássico e o popular.
Infelizmente, eu nunca terminei uma formação musical, sempre toquei, compus de ouvido, nunca aprendi a ler ou escrever partitura. Sempre me frustrei com isso, porque dependia de alguém pra escrever minhas músicas. Mas, recentemente, uma amiga, doutora em música, Érica Visentini, me consolou dizendo – sabe pastor, talvez se você tivesse estudado, não teria feito o que fez na composição, porque a música tem muitas regras, e você transgride todas elas… morri de rir, mas é verdade. Graças a Deus pela forma como Ele conduziu a minha vida nesse aspecto.
Deixo aqui, o meu conselho para os jovens compositores: em primeiro lugar, leiam a Palavra, meditem na Palavra, interpretem a Palavra corretamente. O propósito do compositor é apresentar todo o conselho de Deus em sua música. Nosso tema é Cristo e suas insondáveis riquezas. A segunda coisa é não se contentar com uma música precária. Estude teoria se puder, ouça muita música boa, ouça Stênio Március, João Alexandre, Marinho Brazil, Toninho Zemuner, Guilherme Kerr, Carlinhos Veiga, César Elbert, Nelson Bomilcar, e não esqueça das harmonias do César C. Mariano. Aprimore seu estilo, faça músicas criativas, inspiradoras que toque as pessoas, que mostre a grandeza de Deus de uma maneira maravilhosa. E lembre-se sempre de que tudo vem de Deus, e deve voltar para Deus. Todo o dom perfeito vem do Senhor e tem que voltar para Ele em forma de arte, em forma de rima, em forma de melodia, em de harmonia e principalmente a letra. E permita Deus sejamos encontrados fieis naquilo que fomos chamados para fazer. Deus os abençoe.
Pr. Edilson Botelho Nogueira
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