HCC 013 – Deus sábio, invisível, perfeito, imortal
13. Deus sábio, invisível, perfeito, imortal
ESTE BRILHANTE hino de adoração e louvor baseia-se em 1Timóteo 1.17,
“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”
Apareceu, pela primeira vez no hinário do autor, Hymns of Christ and christian life (Hinos de Cristo e a vida cristã), em 1867. Desde que o compositor Gustav Holtz combinou-o, com poucas modificações, com a melodia ST. DENIO, no hinário The english hymnal, (O hinário inglês) em 1906, seu uso se alastrou na Inglaterra e no mundo.
O seu autor, William Chalmers Smith, nasceu na cidade de Aberdeen, Escócia, em 5 de dezembro de 1824. Formou-se na Universidade da sua cidade natal, e em Teologia em Newburg College, na famosa cidade universitária de Edimburgo. Ordenado ao ministério da Igreja Livre da Escócia, serviu em vários pastorados por um total de 44 anos. Foi moderador desta denominação em 1893.
De acordo com McCutchan, os hinos do Dr. Smith, um autor de mérito, “possuem tal riqueza de pensamento e vigor de expressão que mais deles deviam receber atenção dos hinólogos”.1
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja Louvado, preparado especialmente para a Igreja Presbiteriana São Paulo de Newark, Estado de Nova Jersey, EUA. Foi publicado no Brasil, em São Paulo, capital do Estado, em 1972.
João Faustini nasceu em lar cristão em Bariri, SP, em 20 de novembro de 1931. Desde cedo mostrou-se atraído pela música. Estudou com sua irmã Martha Faustini, e aos dez anos já era organista da Igreja Presbiteriana de Pirajuí, SP. Aos treze anos sentiu-se chamado para o ministério de Música Sacra, e desde então está intimamente ligado a esse setor da obra de Deus.
Em 1948, Faustini ingressou no Instituto José Manoel da Conceição, na cidade de Jandira, SP. Naquele tempo Evelina Harper, dedicada missionária e exímia musicista, era Diretora do Departamento de música. Com ela estudou regência coral e, por seu intermédio, em 1951, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu cursar o Westminster Choir College, em Princeton, Nova Jersey, EUA. Ali Faustini fez o Bacharel em Música.
Regressando ao Brasil em 1955, além de assumir o coro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, Capital, foi convidado a substituir D. Evelina na direção do Departamento de Música do Instituto JMC. Seguindo o caminho que Evelina Harper traçara, dirigiu o coro, preparou a Caravana Evangélica Musical, que se apresentava anualmente em várias cidades do Brasil e organizou Seminários de música sacra dedicados aos regentes e organistas das igrejas evangélicas.
Em 1964 Faustini regressou aos Estados Unidos, onde fez o mestrado em Música Sacra no Union Theological Seminary em Nova Iorque. Serviu, durante o seu curso, como organista e regente na Igreja Presbiteriana São Paulo, em Newark, Estado de Nova Jersey.
Nos anos seguintes, de novo na sua Pátria, o maestro Faustini continuou e acumulou muitos outros ministérios de música: professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, do Seminário Presbiteriano Independente de São Paulo, das Faculdades Metropolitanas Unidas e da Faculdade Santa Marcelina na mesma cidade. Brilhou como solista em concertos promovidos pelo Coro e Orquestra de Câmera de São Paulo e pela Sociedade de Bach.
Desde o tempo da sua atuação no Instituto JMC, Faustini se empenhou num ministério que ele via como muito necessário, o de publicações de músicas evangélicas para coro. Publicou músicas corais da série Evelina Harper. Acrescentou a estas as cinco valiosas coletâneas Os céus proclamam, que, além de suprirem historicamente importantes músicas corais internacionais, incluíam músicas dele e de outros brasileiros.
Faustini não se esqueceu da necessidade de gravações de música de qualidade, cantada por bons coros. Lançou, entre outros, os LPs Os céus proclamam, volumes I e II, com a Caravana Evangélica Musical e o Conjunto Vocal Faustini, ambos sob a sua regência.
Em 1971, juntamente com seus irmãos Loyde e Zuinglio Faustini, publicou a coletânea Hinos contemporâneos e, em 1972, o famoso Seja louvado, hinário de 315 hinos em inglês e português. Nele participaram 45 autores e 16 compositores evangélicos brasileiros. Além desses, foram incluídas músicas de sete compositores eruditos brasileiros. Faustini fez uma valiosa contribuição a este hinário, não somente com suas músicas, mas também com suas traduções de quilate sob o pseudônimo J. (de João) Costa (do nome da sua esposa Queila, também musicista de renome). Rolando de Nassau, no seu artigo Um hinário com música brasileira, na revista Ultimato, elogia Faustini por sua “contribuição pioneira”2 à hinódia: a inclusão do sabor único e distinto da música brasileira.
Publicou, em 1973, Música e adoração, livro que contribuiu significativamente na importante área do culto de adoração, especialmente relacionado com música.
Nos anos seguintes Faustini contribuiu para o repertório evangélico com as coletâneas: Ecos de louvor I e V, Sempre louvarei, Coros varonis, Florilégio coral, a cantata O reino divino, a Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, e músicas avulsas.
O pr. Faustini foi pastor da Igreja Presbiteriana Unida São Paulo, em Newark, Nova Jersey de 1982 a 1996. O seu ministério bilíngüe abrange muitos brasileiros e portugueses longe de casa. Ele continua a servir no Brasil em seminários, congressos, apresentações e publicações, vindo uma vez por ano no mês de agosto.
Em 1988, como participante dum debate em São Paulo, sobre Música, Louvor e Adoração na Igreja Evangélica do Brasil, Faustini falou da importância de lembrar os
“poderes tremendos que a música tem. (….) A arte nunca deve ser usada com um fim em si mesma, mas é um instrumento fundamental, a célula para se servir ao Senhor para o louvor”.3
O Brasil evangélico é abençoado continuamente, e Deus é glorificado na música que João Wilson Faustini tem proporcionado a todos nós por mais de três décadas.
O Hinário para o culto cristão inclui 32 letras e traduções do maestro, e quatro músicas e harmonizações.
A melodia ST. DENIO, também chamada JOANNA, apareceu como melodia para um hino pela primeira vez na coletânea Caniadau e Cyssegr (Cânticos sacros) em 1839, com o nome PALESTRINA. Baseou-se num antiga canção galesa muito conhecida no século 19.
1. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.93.
2. NASSAU, Rolando de. Um hinário com música brasileira. Ultimato, Ano X, n.103. p.13-14.
3. FAUSTINI, João Wilson. Em: Canto comum. Kerigma, Ano II, n.10. p.23.