Jahn Sörheim
Trajetória de Jahn I. Sörheim

Sörheim e família .[1]
Jahn Sörheim, foi um missionário de origem norueguesa que chegou no Brasil em 1924. Atuava como oficial do Exército da Salvação. Em julho de 1925, Sörheim uniu-se à Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, passando logo a ajudar o pastor e pioneiro sueco Gunnar Vingren, nos serviços da igreja [2].
Em novembro de 1925, Sörheim foi enviado à cidade de Santos, onde reforçou a iniciante Assembleia de Deus da região. Nessa época também auxiliava a igreja o missionário Simon Lundgren [3].
Nessa igreja Sörheim serviu ao Senhor até agosto de 1928.
Segundo o escritor A. P. Franklin, em Santos, Sörheim esteve gravemente enfermo, chegando a ficar quase paralítico. No entanto, continuava calmo, alegre e agradecido na esperança de voltar a movimentar os membros. Ele havia assumido a frente do trabalho durante a viagem da família Berg à Suécia. Era dedicado e trabalhador, não poupava a si mesmo, antes lutava com persistência para levar as almas a Cristo. Até que um dia, começou a sentir-se fraco, cansado, indisposto e a ter febre, ficando praticamente paralítico. Acreditava-se que a paralisia era devido ao fato de haver comido uma dúzia e meia de mexericas (tangerinas) quentes no pé da árvore. Não podia movimentar um membro sequer. Quem o ajudava era uma senhora idosa conhecida como “Mãe Amália”.
Um irmão da igreja mudou-se para o local onde ele estava e também lhe deu assistência. Algum tempo depois, as forças e a mobilidade pareciam voltar gradativamente, e, quando os irmãos oraram por ele, tiveram a sensação de que o Senhor iria curá-lo. Posteriormente, Deus providenciou que o missionário Simon Lundgren (a pedido de Gunnar Vingren) e sua esposa Linnea, viessem para Santos e, juntamente com Sörheim, que estava se recuperando, levaram o trabalho adiante. Anteriormente, a família Lundgren estava em Recife [4].
Ainda em 1928, Sörheim acabou retornando à Suécia para tratamento, e em 1930 retornou a Santos, e por lá ficou até 1932. Nesse período, casou-se com a missionária sueca Anna Lovisa Johansson. Ele também contribuía publicando partituras de músicas no jornal Mensageiro da Paz.[5]
Em junho de 1932, Sörheim, retornou à igreja do Rio de Janeiro, auxiliando onde se fazia necessário [6]. Dois meses depois, Vingren se despediu da igreja no Rio de Janeiro, onde fora pastor por oito anos.
O missionário Gunnar Vingren escreveu em seu diário sobre o culto de despedida na cidade do Rio de Janeiro, o seguinte:
Hoje entreguei oficialmente a igreja ao irmão Samuel Nyström. Também o irmão Jahn Söheim ficará aqui no Rio para ajudar na obra, que é muito grande. No culto de despedida que se realizou em 14 de agosto de 1932, senti muito amor aos crentes, pois eram como ovelhas que rodeavam o seu pastor, para se despedirem. Também coloquei as mãos sobre os irmãos Samuel e Sörheim consagrando-os para a obra [7].
Em 20 de outubro de 1933, Sörheim também fundou o coral da AD Belém de São Paulo, templo-sede. Na ocasião o conjunto contava com 14 membros.[8]
Nos dias 03 a 17 de outubro de 1937, ocorreu a 6ª edição da Convenção Geral (CGADB), na cidade de São Paulo. Numa época em que o escritor Emílio Conde considera como a fase de expansão da igreja em São Paulo. Destaca-se que nesse período, os jovens organizavam corais e bandas de música. Na Convenção (considerada uma das melhores até então), autorizou-se a 1ª publicação da Harpa Cristã com música. Serviram a igreja de São Paulo na fase de expansão, Jahn Sörheim, Simon Lundgren e Sílvio Brito [9].

Durante a Convenção Geral de 1937 foi nomeada uma comissão para editar e imprimir a 1ª edição da Harpa Cristã com música, seus membros eram: Emílio Conde, Samuel Nyström, Paulo Leivas Macalão (presidente da CGADB no mesmo ano), Nils Kastberg e Jahn Sörheim [10].
A revisão dos primeiros hinos foi feita pelo missionário Sörheim [11].
Ele também é creditado por ter sido o maestro fundador da banda de música do templo-sede da Assembleia de Deus em São Paulo, em 1937. Com o decorrer do tempo e chegada de novos músicos a banda tornou-se orquestra. Atualmente a igreja dispõe de uma orquestra filarmônica e de uma banda de música, conjuntos que trabalham em sintonia nos cultos e eventos do templo-sede, elevando muito o valor musical na igreja.
Em 10 de junho de 1988, foi fundada Associação Musical Jahn Sörheim visando oportunizar o acesso ao ensino musical para crianças, adolescentes e jovens por meio da ampliação de suas atividades, oferecendo cursos de música, de instrumentos e encontros de filarmônicas. O Pastor José Wellington, presidente de honra da Associação Musical, dispôs a estrutura da AD Belém – sede de São Paulo, para ministração das aulas e eventos. O que a torna uma importante instituição de ensino à prática musical [12]. Jahn Sörheim também é o nome da orquestra filarmônica da mesma igreja.
Longa foi a trajetória deste missionário, compositor, maestro e músico, que recebeu o batismo no Espírito Santo ainda na Noruega [13].
Sörheim traduziu e adaptou muitos hinos que constam na Harpa Cristã, quais sejam:
– nº 14, Gozo em Jesus;
– nº 254, Mais perto de Jesus;
– nº 258, Na Rocha eterna firmado;
– nº 319, Ainda há lugar;
– nº 327, Teu Nome precioso;
– nº 375, A igreja universal;
– nº 468, Cristo está chamando.
Seus hinos retratam muito bem sua trajetória vivida. Enquanto esteve gravemente enfermo, jamais perdeu a alegria e o gozo da salvação, sentia-se ainda mais perto de Jesus, e cada vez mais firme na Rocha Eternal.
Texto escrito por Gabriel Francisco da Silva Santana,
Hinólogo e colaborador do site Hinologia Cristã.
Escrito em 13/12/2024
Revisado em 31/01/2025
Copyright © 2024 – Gabriel F. da S. Santana
Uso permitido ao Canal Hinologia Cristã.
[1] Imagem retirada do livro Dicionário do Movimento Pentecostal, de Isael de Araújo.
[2] CONDE, Emilio. História das Assembleias de Deus no Brasil, 1ª edição, pp.225. Rio de Janeiro: 1960
[3] VINGREN, Ivar (tradutor). Despertamento Apostólico no Brasil, pp.91. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.
[4] BERG, David. Daniel Berg – Enviado por Deus (versão ampliada), pp.249-250. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
[5] ARAUJO, ISAEL DE. Dicionário do Movimento Pentecostal, pp. 820. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
[6] CONDE, Emilio. História das Assembleias de Deus no Brasil, 1ª edição, pp.233. Rio de Janeiro: 1960
[7] VINGREN, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren (2ª edição), pp. 217-218. Rio de Janeiro: CPAD, 1973.
[8] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I6EXJE-iIro Acesso em 31 de jan. de 2025.
[9] CONDE, Emilio. História das Assembleias de Deus no Brasil, 1ª edição, pp.267. Rio de Janeiro: 1960
[10] OLIVEIRA, Joanyr. As Assembléias de Deus no Brasil – Sumário Histórico Ilustrado (1º edição), pp.168. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
[11] HARPA CRISTÃ 90 ANOS DE EDIÇÃO COMEMORATIVA. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
[12] Disponível em: https://www.amjsad.com.br/ Acesso em 05 de dez. de 2024.
[13] FERREIRA, Roberto. Teologia Pentecostal na Harpa Cristã: a contribuição do hinário na formação da doutrina pentecostal em nosso país, pp. 81. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.