HCC 297 – Feliz o dia
História
297. Feliz o dia
OS BATISTAS BRASILEIROS têm como um dos seus prediletos este hino de testemunho da salvação. Muitos crentes se lembram de ter ido à frente [da igreja] fazer sua profissão de fé ao som deste hino. As estrofes foram escritas por Philip Doddridge, amigo não conformista1 de Isaac Watts e dos irmãos Wesley e de Whitefield. Baseou-o em 2Crônicas 15.15, dando-lhe o título Regozijando em nossa aliança com Deus. Este, como todos os 370 hinos de Doddridge foram publicados postumamente por seu amigo, Job Orton, no hinário Hymns (Hinos), em 1755.
Philip Doddridge (1702-1751), o vigésimo filho de um comerciante de Londres, teve como avô e bisavô pastores que sofreram por sua fé. Ele mesmo, recusando a oferta duma educação universitária, formou-se numa academia dissidente em Kibworth. Aceitou o pastorado duma igreja independente em Northampton. Conduziu, ao mesmo tempo, sua própria academia, onde mais de 200 homens foram preparados para o ministério (especialmente entre os dissidentes) que, depois, chegaram a servir em muitos países. Continuou este ministério por 22 anos.
Doddridge foi um erudito e autor de muitas obras teológicas. Seu livro The progress of religion in the soul (O progresso da religião na alma), traduzido para sete línguas, teve um “lugar de honra nas prateleiras dos nossos pais”.2 Foi o livro que Deus usou na conversão de Wilbur Wilberforce, o grande batalhador para a abolição da escravatura.
Os hinos de Doddridge, no estilo de Watts mas sem a mesma expressão poética, refletem uma maior compreensão da mensagem social do evangelho. Escritos “principalmente como resumos dos seus sermões, foram ensinados, linha por linha, à congregação a cada domingo.”3
Doddridge foi o primeiro a revelar zelo missionário nos seus hinos, antecipando por mais de meio século o movimento missionário dos primórdios do séc.19! Muitos manuscritos dos hinos de Doddridge são preservados até hoje, verdadeiras paráfrases das Escrituras. Foi dito que, quando se pedia uma cópia de qualquer um desses hinos por alguém da sua congregação, o Dr. Doddridge, com bondade “que era sua característica principal, se assentava para escrevê-lo e depois, apresentá-lo com um sorriso de doçura que lhe era todo peculiar.”4 Marks, no seu livro, chama-o “homem de Deus que sempre andou bem de perto com seu Deus”.5 A Doddridge foi conferido o Doutorado em Divindades (honoriscausa) pela Universidade de Aberdeen (Escócia), em 1736.
Em 1751 Doddridge contraiu tuberculose. Viajou para Portugal, para um clima melhor e descanso necessário, mas faleceu ali.
O estribilho de Feliz o dia apareceu, com estrofes de um outro hino, em The wesleyan sacred harp) (A harpa sacra wesleyana), a coletânea de William McDonald, de 1854. McCutchan, como outros, apresenta que a música do estribilho é adaptada de um hino de Edward Rimbault com o título Happy land (Terra feliz). A melodia recebe seu nome das primeiras duas palavras do estribilho, HAPPY DAY (Dia feliz), o tema do hino.
“É bem provável que o resto da melodia fosse a obra de algum outro músico ou músicos”.6 É mais um exemplo de “uma melodia popular transitória ter sua vida prolongada por ter sido adaptada e usada num hinário”.7
Edward Francis Rimbault (1816-1896), nascido em Londres, teve o privilégio de estudar com três famosos organistas e compositores: seu pai, Stephen Francis Rimbault, Samuel Sebastian Wesley, neto de Charles Wesley (ver HCC 504) e William Crotch. Rimbault for organista em várias igrejas de Londres. Musicologista de renome, foi editor e fundador de importantes sociedades musicais. Recebeu muitas honrarias e doutorados (honoriscausa) das Universidades de Harvard (EUA), de Stockholm (Suécia) e de Göttiningen (Alemanha). O HCC inclui mais um arranjo de Rimbault sob número 557.
O hino foi traduzido pelo missionário e hinista William Edwin Entzminger, que tanto contribuíu para o Cantor cristão. Sua tradução foi um pouco alterada pela Subcomissão de Textos do HCC. (Ver dados do tradutor no HCC 91)
1. Não-conformistas e dissidentes eram membros de igrejas independentes, como Batistas, Congregacionais, Presbiterianos etc. e não da igreja oficial da Inglaterra, a Igreja Anglicana.
2. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p.12.
3. Other important hymn writers, Christian history: the golden age of hymns, n.3, Issue 31, Carol Stream, IL: Christianity Today, 1991. p.23.
4. JONES, F.A. Famous hymns and their authors. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.163.
5. MARKS, Harveu B. The rise and growth of English hymnody. New York: Fleming H. Revell Company, 1937. p.104.
6. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, a manual of The Methodist Hymnal, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.259.
7. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.161.