O hino de um escravocrata arrependido – Rolando de Nassau

Especial para “Hinologia Cristã”

Biografia

John Newton (1725-1807) aos quatro anos de idade recitava estrofes dos hinos de Isaac Watts para crianças (ver: Emurian, Ernest K. Living Stories of Famous Hymns. Grand Rapids, Michigan, USA: Baker, 1978); aos 11 anos, foi levado por seu pai para o mar; mais tarde, foi alistado na Marinha Real num navio de guerra, mas desertou; num navio de transporte de escravos foi cruelmente tratado pelo comandante.

Certa vez leu “A imitação de Cristo”, de Thomas à Kempis, muito importante para sua vida espiritual. Numa noite tempestuosa de 1748, enfrentou a morte iminente, o que significou para ele “um novo nascimento”; continuou sendo um negociante de escravos e tornou-se comandante de seu próprio navio negreiro. Nessa época, lembrou-se de sua piedosa mãe e  seu amor por Mary Catlett, que mais tarde tornou-se sua esposa; elas serviram como influências positivas.

Em 1754 abandonou o mar e tornou-se perito na previsão das marés em Liverpool (Inglaterra), onde ouviu as pregações de George Whitefield (1714 1770) e John Wesley (1703-1791).

Foi ordenado sacerdote da Igreja da Inglaterra e designado, em 1764, cura da paróquia de Olney. O poeta William Cowper (1731-1800) em 1767 foi para Olney e junto com Newton publicou, em 1779, “Olney Hymns” (Hinos de Olney), tendo Newton contribuído com 280 textos, no estilo de John Wesley; entre esses, o quase biográfico “Amazing grace! How sweet the sound” (Graça maravilhosa! Quão suave o som).

Em 1780, vigário numa igreja anglicana em Londres, continuou a pregar até a idade de 80 anos; um serviçal ficava ao seu lado no púlpito e o ajudava a encontrar os títulos em seu manuscrito. Alguém sugeriu que Newton se aposentasse por  causa das falhas de sua memória; ele respondeu: “Minha memória falha, mas lembro que sou um grande pecador e que Cristo é um grande Salvador!” (ver: Wright, V.H. Hymn Writers’ Hall of Fame. In: “Christian History”, Issue 31, 1991, p. 21).

Ele escreveu o epitáfio para a lápide sobre o seu túmulo: “John Newton, clérigo,infiel e libertino, servo de escravos na África: foi, pela rica misericórdia de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, preservado, restaurado e perdoado, e designado para pregar a Fé, que ele tanto trabalhou para destruir.

Quase 16 anos em Olney e 27 anos nesta igreja” (ver: Bailey, Albert Edward. The Gospel in Hymns. New York: Scribner, 1950).

Em 1807, no mesmo ano da morte de John Newton, William Wilberforce, cuja conversão Newton encaminhou, teve aprovado pela Câmara dos Comuns seu projeto de lei abolindo a escravatura em todos os domínios do Reino Unido.

Hinografia

John Newton escreveu a letra do hino “Amazing Grace” (Preciosa a Graça) em 1779, em seis estrofes de quatro linhas.

A melodia “Amazing Grace” constou da coletânea “Virginia Harmony”, de James P. Carrell e David L. Clayton, publicada em 1831.

A adaptação do texto de John Newton a essa melodia foi feita em 1835 por William Walker em sua coleção “Southern Harmony”.

O presente arranjo da melodia é atribuído a Edwin Othello Excell (1851-1921), que em 1900 o incluiu em sua coleção “Make His Praise Glorious”.

O hino foi publicado no hinário “New Evangel” (Novo Evangelho), compilado por Robert H. Coleman, em Dallas, Texas, em 1911, tendo, então, larga disseminação nos hinários evangélicos.

O hino de John Newton entrou em 1990 no “Hinário para o Culto Cristão” (HCC), sob o n.º 314; as estrofes 2, 3 e 4 tinham sido traduzidas em 1969 por João Wilson Faustini.

Rolando de Nassau.

Brasília, DF, em 22 de janeiro de 2017.

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3 Resultados

  1. Milzede Barros Albuquerque disse:

    Precioso Hino “Preciosa Graça de Jesus!” Inspirado, na letra, na melodia, na experiência pessoal de cada redimido! Amo!

  2. Cleide Manoel Gossi disse:

    Hino muito lindo e bastante conhecido. Bom saber sua história.]

  3. Edson disse:

    Clássico maravilhoso que toca a Alma de todos que ouve. Obra do Espírito Santo.

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