O Dia da Vitória

Assim como a noite aguarda o sol,
Como a brisa sonha um dia soprar,
Como a terra seca espera a chuva,
Como o rio anseia pelo mar
Eu desejo tanto ver o dia chegar!

O dia da vitória em que virá meu Salvador
Sim, Jesus Cristo, o Senhor
Virá nas nuvens para me levar
Se tornará verdade tudo o que sempre sonhei
Tristezas eu não mais terei
E toda lágrima do meu olhar
Ele enxugará!

Braços levantados, livres do mal
Igualdade e justiça haverá
Já não mais terá morte ou guerra,
Novo céu e uma nova terra
Eu desejo tanto ver o dia chegar!

Letra e Música: Vavá Rodrigues, 1983/1984

Abaixo, a narrativa da história da criação deste lindo cântico bem como a biografia de Vavá Rodrigues, seu compositor:

 “No início dos anos oitenta… a música latino americana tinha uma grande importância no cenário artístico brasileiro. Grupos como Tarancón e Raices de America arrastavam multidões em seus shows e pelas ruas de São Paulo. Chovia conjuntos formados por bolivianos, peruanos e chilenos tocando música folclórica e canções de protesto, fazendo releituras de clássicos da MPB, colocando o seu sotaque no nosso som.

Na esteira desse movimento, nasceu o ACTOS. Um grupo interdenominacional, que levou, por onde se apresentou, um repertório próprio composto basicamente por MPB, notadamente a nordestina, além da música latina. Com uma estética inovadora para a época, o ACTOS levava na sua bagagem charango, zampoña, bombo leguero e queña (instrumentos típicos latinos), além de uma farta mesa de percussão, muito criticada nas igrejas tradicionais, mas muito apreciada pela mocidade de então . De 1982 a 1984 o ACTOS participou de vários eventos da ABU (Aliança Bíblica Universitária), da Semana de Arte Sacra, na USP, nos cultos evangelísticos de diversas igrejas pelo país e nos e dos acampamentos Louvor que aconteceram em Goiânia e em São Paulo. Nesse período influenciou o surgimento do Expresso Luz e canções que surgiram nos primeiros álbuns do MILAD.

Em meio a todo esse turbilhão musical nasceu O DIA DA VITÓRIA, uma canção que começou despretensiosamente numa noite, na sala da minha casa. Eu trazia dentro de mim duas vontades: a primeira de compor uma canção que tivesse um sotaque do interior, inspirada na dupla “Cascatinha e Inhana”, que ouvi muito na infância e adolescência. Seria uma forma de agradar minha mãe, que gosta muito de música caipira. E a segunda, era fazer uma canção latina que fosse forte, identificada com o cenário político que a gente vivia na época. Uma canção que falasse de justiça, de liberdade, do fim da opressão, porém partindo de uma cosmovisão cristã (Acho que nem sabia o que isso significava na época “risos”). O fato é que O DIA DA VITÓRIA começou pela última frase do refrão: “…E toda lágrima do meu olhar, Ele enxugará…”.

A única certeza que eu tinha é que a música terminaria com essa frase e com um final pra cima, apoteótico, clássico, típico das canções de protesto da época. A partir daí, o capítulo 21 do livro de Apocalipse foi a grande fonte de inspiração para o refrão, que foi composto a partir da última frase. Depois do refrão pronto, vieram os dois versos. O primeiro mais poético, relatando com eufemismo o desejo inerente de todo cristão pelo dia do encontro com o nosso Salvador. E o segundo, com o mesmo desejo, só que agora externado com aquele gostinho de canção de protesto, falando de igualdade e justiça, coisas que ainda sentimos muita falta em nosso país.

Talvez por causa da temática da letra, O DIA DA VITÓRIA ainda continua atual, tocando o coração de quem a  ouve. Enfim, uma canção que não levou mais de quarenta minutos para ficar pronta, em uma noite de 1983 ou 1984 (Não sei precisar a data). A verdade é que a história não é exatamente o que aconteceu, mas sim, o que lembramos para contar.”[1]

Valdinei Rodrigues Xavier, ou, Vavá Rodrigues é de origem Presbiteriana Independente e já colaborou com seus dons e habilidades musicais nos ministérios da ABU e JOCUM. Desde 2015, é colaborador da RTM, ministrando louvor em assembleias e cultos, com transmissão ao vivo da programação RTM Vai a Sua Igreja, pelo Brasil. É redator publicitário, músico autodidata, compositor e produtor de “jingles”. Em estúdio dirigiu e produziu vários artistas da MPB. Como compositor e intérprete foi premiado por duas vezes no Festival de MPB de Tatuí. Seu projeto Vavá Rodrigues e o Pessoal da Banda, que faz Música Paulistana com Sotaque Nordestino, foi classificado em duas edições do Yamaha Brazilian Beat, um festival que leva bandas brasileiras para apresentações no exterior. Autor de músicas emblemáticas como “A Alegria Está No Coração”, “O Dia Da Vitória” e “Mãos Limpas”, algumas de suas canções foram gravadas por Vencedores Por Cristo, Expresso Luz, Família Maranata, Carlos Sider, MILAD, entre outros intérpretes. Vavá Rodrigues foi o diretor musical do DVD Eterna Canção, de Wesley e Marlene, gravado em maio de 2017, em Goiânia, cuja música título é de sua autoria. Ainda em parceria com a RTM, lançou respectivamente, em 2016 e 2017, Moda de Louvar, um álbum de hinos tradicionais tocados em viola caipira e sanfona e por último “Histórias Que Jesus Contou”, uma produção voltada para o público infantil, onde transformou parábolas do Novo Testamento em canções com uma linguagem fora do convencional.[2]

“O Dia da Vitória” foi gravado pelo cantor Luiz de Carvalho (1925-2015), e também pelo Grupo “Vencedores por Cristo” (VPC), com arranjos do próprio Vavá. Este hino encontra-se no Hinário “Cantai Todos Os Povos – CTP” (número 146).

Robson Junior

Revisão: Carmen Lício

[1] RODRIGUES, Vavá. Release O Dia da Vitória. Mensagem recebida por <robsonjosesantosjunior@gmail.com> em 5 dez 2017

[2] RODRIGUES, Vavá. Release Vavá Rodrigues. Mensagem recebida por <robsonjosesantosjunior@gmail.com> em 5 dez 2017

Áudio: CD Cante Louvores (Coletânea) – Vencedores por Cristo, 2004. (Faixa 25) – Usado com permissão

Áudio: CD Dia da Vitória – Luiz de Carvalho, 2001. (Faixa 03) – Usado com permissão

Recursos e Partituras:

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2 Resultados

  1. Marco Maurício disse:

    Maranata! Gosto muito desse cântico, canto muito.

  2. Paulo disse:

    Louvor maravilhoso, atemporal assim como é a graça de Deus.

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