Horatio Richmond Palmer
O compositor da melodia de “Sossegai” tem uma linda e marcante história nos Estados Unidos. Seus hinos são cantados até hoje no mundo inteiro.

BIOGRAFIA[1]
Horatio Richmond Palmer (nascido em 26 de abril de 1834, Sherburne, New York; falecido em 15 de novembro de 1907, Yonkers, New York) era oriundo de uma família musical, com menos de três anos de idade ficou órfão de mãe, mas isso não o impediu de tornar-se um garoto prodígio, pois com apenas nove anos já cantava no coro de seu pai.
Devido a precoce perca de sua mãe em sua infância, Palmer sofreu diversas mudanças e teve de enfrentar o mundo sozinho. Adquiriu sua educação musical por meio de estudo árduo e incessante com pouca assistência. Aos dezoito anos começou a reger e compor. Ele se casou com Lucia A. Chapman, uma aluna da Rushford Academy, em Nova York, onde ele era também diretor de música.
Certo dia, enquanto Palmer estava tocando órgão e dirigindo o coral na Igreja Batista em Rushford, recebeu um pedido vindo de Centerville, uma cidade vizinha, pedindo-lhe para ensinar numa escola de canto. Ele atendeu ao chamado com medo e tremor, pois havia decidido anos antes que ensinar não era seu forte. Porém, para seu espanto, a primeira aula ocorreu de uma maneira satisfatória para todos, exceto para si mesmo.
No intervalo, pareceu a ele que tudo tinha dado errado. Palmer estava totalmente desanimado e pensando em desistir, quando de repente uma amiga sua, a Sra. James Cole, chegou onde o jovem líder estava e começou de maneira entusiástica a elogiar muito sua lição. Ela disse: “Foi maravilhoso, muito à frente de qualquer coisa já lecionada lá antes…” Tomando coragem, Palmer terminou a lição e o período. No concerto final, o coro se saiu muito bem, e imediatamente Palmer foi contratado para retornar no ano seguinte.Tendo obtido sucesso, ele foi imediatamente assediado com muitos pedidos para dar aulas de canto em localidades e estados vizinhos.
Com o propósito de ampliar seu campo de trabalho, Palmer morou por um breve período de tempo em Chicago, onde editou um diário musical mensal, escreveu livros e conduziu festivais e associações. Começou esse trabalho em 1865, logo após a Guerra da Secessão. Naquela época de aumento de vida e prosperidade, o desejo pela música também despertou e exigiu atenção, convenções surgiram em muitos lugares e rapidamente se tornaram eventos sociais de cidades, vilas e distritos rurais. Neste trabalho, o Dr. Palmer foi o mais importante e ele cresceu em proporções gigantescas. Realizou escolas de música, cursos de treinamento, convenções e festivais.
Este trabalho se estendeu por todos os estados do norte dos Estados Unidos, além de algumas províncias do Canadá. A vida de Palmer ficou bastante corrida, numa semana ele estava no Oeste, já na outra no Leste a mil milhas de distância. Palmer nunca perdeu um único compromisso sequer de seus festivais musicais, embora muitas vezes precisasse fazer viagens muito longas, às vezes dirigindo pela neve, ou andando de trem fazendo diversas conexões ao longo país.
Palmer nunca permitiu que nada se interpusesse entre ele e seu objetivo. Ele se dedicava a tudo que empreendia de todo o coração, amando, concentrado, não conhecendo a palavra fracasso, mas caminhando calmamente sobre ela e em direção ao sucesso. Ele levou música e entusiasmo musical a milhares que estavam além de seu alcance. Ajudou e encorajou centenas de estudantes de música, por meio de instruções, exemplo e gentileza pessoal.
O hinólogo Jacob Hall ainda destaca que, no começo do século XX (época de seu livro), havia inúmeros professores e maestros renomados espalhados por todo o país dos Estados Unidos que reconheciam com gratidão sua dívida para com este amado educador.
Em 1873, Palmer retornou à cidade de Nova York, e, posteriormente, visitou a Europa e o Oriente, sempre acompanhado de sua esposa. Durante quase três anos visitou diferentes capitais e centros musicais da Europa, estudando e investigando os melhores métodos de ensino, ouvindo óperas e concertos dados pelos melhores artistas, e apresentados sob a direção dos mais capazes instrutores do mundo.
Em 1881 houve um fato marcante na vida de Palmer, ele fundou a Church Choral Union na cidade de Nova York. O objetivo da organização era elevar a classe da música usada nas igrejas. Para este trabalho trouxe vinte e cinco anos de experiência. Não é de se admirar que a Church Choral tenha crescido surpreendentemente, era composta por duzentas e vinte igrejas, e o número total de cantores ultrapassava vinte mil, formando assim a maior organização de música eclesiástica nos Estados Unidos.
Em um de seus concertos gigantescos no Madison Square Garden, durante o período em que ele estava responsável pela Church Choral Union, havia quase quatro mil cantores no palco, enquanto o público enchia o maravilhoso coro, que tinha em média quatrocentas vozes. Milhares de pessoas eram atraídas para Chautauqua, anualmente, para assistirem a interpretação magistral da música do coral regido por Palmer. O vasto anfiteatro muitas vezes não conseguia acomodar as multidões que compareciam aos concertos e serviços de canto sacro e centenas podiam ser vistas de pé durante um programa inteiro.
Alguns de seus hinos são cantados em todo o mundo e traduzidos para várias línguas, onde quer que a religião cristã seja encontrada. Palmer escolheu a igreja como seu campo de trabalho e sempre teve o apoio leal e liberal do povo cristão. Sua carreira foi brilhante. Seu eterno Yield Not to Temptation foi impresso milhões de vezes.
Em Chicago, ele editou e publicou por anos um musical mensal, chamado Concordia. Ele escreveu e compilou cinquenta volumes no interesse da música. Em reconhecimento ao grande serviço prestado, a Universidade de Chicago conferiu-lhe o honroso grau de Doutor em Música, e um ano depois, por serviços semelhantes prestados no Leste, a Universidade Alfred lhe conferiu o mesmo título. Palmer conduziu o coro de Chautauqua por catorze anos e trabalhou em muitos outros locais de seu país.
Os últimos serviços públicos do Dr. Palmer foram feitos na Assembleia de Verão da Montanha em Ebensburg, Pensilvânia, em 1907. Ele encerrou com um belo concerto no primeiro dia de agosto. No outono do mesmo ano, em 15 de novembro de 1907, aos 73 anos de idade, o Dr. Palmer viajou pacificamente para descansar em sua casa no Paraíso que tanto esperara.
FATOS CURIOSOS
No dia de seu aniversário de 43 anos, Palmer encontrou-se em Londres com Charles Spurgeon que tinha a mesma idade.
Durante sua visita à Terra Santa, Palmer e sua esposa foram convidados para um chá da tarde de domingo em Jerusalém, recebidos por cerca de duzentas e cinquenta pessoas, todos juntos entoaram seu hino Logo, logo o encontraremos, logo, logo o saudaremos (Triumph By and By).
Em outro dia, no norte de Israel, Palmer louvou seu hino Galileia, Galileia Azul (Memories of Galilee) e Peace Be Still (Sossegai, no Brasil) remando mar a dentro no Lago Tiberíades ao luar.
Ao retornar de Nazaré para Jerusalém, Palmer foi convidado para passar uma noite na missão em Nablous (antiga Siquém). O médico missionário, reverendo Dr. Fallsheer, que dirigia uma igreja com cerca de duzentos muçulmanos convertidos, havia marcado uma reunião naquela noite e, como em árabe se lê da direita para a esquerda, Palmer teve que tocar de trás para frente durante todo culto inteiro, lá seu hino Yield Not to Temptation foi cantado em árabe pela congregação.
Palmer dedicou muito tempo de sua vida à astronomia e deu palestra sobre este assunto mostrando ser um verdadeiro amante da ciência. Também foi procurado para dar palestras ilustradas sobre o Oriente e a Terra Santa.
HORATIO RICHMOND PALMER NOS HINÁRIOS BRASILEIROS[2]
Muitas das melodias de Palmer estão presentes nos hinários mais populares do Brasil. Vejamos:
Peace! Be Still ou Master, the Tempest is Raging (música): equivalente a Sossegai (nº 328 do CC); Sossegai (nº 578 da HC); Sossegai (nº 254 do NC); e Sossegai! (nº 102 do SH).
Steadily Marching on (música):equivalente a Ouvindo de Jesus (nº 438 do CC); Crentes, cantai! (nº 436 da HC); e A Grande Comissão (nº 282 do NC).
Yield no to temptation (letra e música em inglês):equivalente a Fujamos à Tentação (nº461do CC); Em Jesus tens a Palma da Vitória (nº 75 da HC); e Perseverança (nº 356 do SH).
Palmer também é o compositor das melodias dos hinos 58, 71, 120, 211 do CC; 203 do NC e 365 do SH; com seus respectivos equivalentes entre si.
Também não podemos esquecer de alguns hinos dos Coros Sacros de Arthur Lakschevitz, cujas composições em inglês pertencem a Palmer, com destaque para Who are these in bright array? (Quem são estes de branco vestidos? Nº 36 dos Coros Sacros).
Escrito por Gabriel Francisco da Silva Santana, colaborador do site Hinologia Cristã.
Usado com permissão
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Notas de rodapé
[1] Texto adaptado conforme a biografia escrita pelo compositor Jacob Henry Hall, que também era hinólogo e diretor da National Normal School of Music, em seu livro Biography of Gospel Song and Hymn Writers, pp. 87-95. New York: Fleming H. Revell, 1914.
[2] Leia-se HC – Harpa Cristã; CC – Cantor Cristão; NC – Hinário Presbiteriano Novo Cântico; e SH – Salmos e Hinos.