Criticando Kléber Lucas II – Rolando de Nassau

CRITICANDO KLÉBER LUCAS – II
(Especial para quem quiser  ouvir o sussurro da verdade)

Sob o tema “Racismo na Hinologia”, escrevi sobre os hinos de Nicholson e Latta, e a dissertação de mestrado do escritor Kléber Lucas, postados em 16, 18 e 21 de dezembro de 2022, 20, 27, 28 e 29 de junho de 2023; este é o 8º. artigo da série.

Foram orientados pela seguinte norma de trabalho:

1) fazer afirmações com base em extensa pesquisa de livros e suas referências bibliográficas, e na Bíblia;

2) fazer uma leitura criteriosa desse material;

3) fazer uma crítica corajosa, isenta de sectarismo.

A História não é o passado; é o processo.

Na Pré-história (5 mil anos a.C.), na Palestina habitavam os Cananeus e os Filisteus, antes da chegada dos Hebreus.

É importante: lembrar que Moisés, mais de 4 mil anos antes de Jesus, escreveu em seu primeiro livro que Caim matou seu irmão Abel; expulso, disse ao Senhor: “serei fugitivo e vagabundo; qualquer que me encontrar matar-me-á”. O Senhor lhe disse: “Quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança”. Deus pôs um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.

Desde o século IV a.C., os gregos (na língua grega foi escrito o Novo Testamento) chamavam de Etiópia todos os países com população de cor negra.

Durante muitos séculos, intérpretes, eruditos ou não, acharam que o “sinal” era a nova pele de Caim, de cor negra. Creio que o sinal divino era um alerta para os perseguidores dos negros. Caim teria sido um etíope.

O profeta Jeremias chegou a dizer: “Pode o etíope mudar a  sua pele?” (Jeremias 13: 23).

Filipe, um dos primeiros diáconos, foi para a Etiópia, levando o Evangelho para a África (Atos 6: 5).

O Racismo penetrou na Religião, na Política e nas Artes, que serviram para a sua banalização.

É estranho: 1.000 anos antes de Cristo, existia discriminação racial. Salomão fez referência a uma mulher (morena, na tradução portuguesa; “black”, na inglesa; “braun”, na alemã; “noir”, na francesa; “negra”, nas traduções italiana e espanhola), discriminada por seus irmãos; ele não segregava as mulheres negras (ver: “Cânticos dos Cânticos”, cap. 1, versos 5 e 6); aquela mulher pôs às claras a sua tez escura por causa dos trabalhos forçados no campo.

Entre os Judeus havia homens (profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel) e mulheres de pele negra (ver: Miles, Lessy. Black Men in the Bible). A tradução portuguesa hipocritamente usa o eufemismo “morena”; as outras traduções confessam uma inclinação racista.

Simão, o cananeu, também chamado “o zelote” por ser revolucionário, era um dos 12 discípulos, o único negro (ver: Hollanda, Roberto Torres. Os ensinos de Jesus. Brasília: Editora Tagore, 2022).

Alguns cristãos afro-americanos participaram dos esforços para acabar a segregação (ver: a obra de Jason Oliver Evans sobre a diversidade da igreja negra).

Martin Luther King Junior dizia: o seu sonho era que os negros não fossem julgados por causa da cor de sua pele; em 1963, na véspera de ser assassinado, declarou que tinha visto a Terra Prometida para os povos negros.

Tiziano Bonezzi, em 2018, afirmou que os cristãos brancos no século 21 ficaram cara a cara com o princípio da igualdade.

Em 2019, um pastor defendeu a ideia da inserção de elementos da cultura negra na Hinodia branca.

É curioso: na Iconografia de Jesus os grandes pintores europeus (todos brancos – Voragine, Duccio di Buoninsegna, Giotto, Fra Angelico, Piero, Boticelli, Da Vinci, Grünewald, Bosch, Dürer, Buonarrotti Bassano, Pourbons, Poussin, Velásquez, Champaigne e Tiepolo) retrataram personagens dos evangelhos sempre como homens brancos e mulheres de cor branca. Em maio de 2012, estive em Berlim e visitei o “Kunsthistorisches” (museu de História da Arte), lá estava o espanhol Velásquez.

O holandês Rembrandt (1606-1669) pintou, em 1626, o quadro “O batismo do eunuco”; Filipe aparece batizando etíopes negros.

Na Literatura, Machado de Assis, considerado o maior, era mestiço ou mulato; um pintor carioca “branqueou” as faces do escritor (ver: obras de Eduardo Assis Duarte, Edimilson de Almeida Pereira e G. Bernardo).

Na Ópera, Shakespeare (“Otelo”) e Meyerbeer (“A Africana”) interessaram-se por pessoas negras.

No Cinema, Griffith descreveu como a nação americana, desde a origem, desenvolveu-se com a escravatura.

Na Música Popular, as gravadoras de discos exploraram as figuras negras de Louis Armstrong e Billie Holyday.

No “Rock”, o compositor branco Johann Lennon em sua canção provocou: “Imagine, o mundo será um só”, sem divisão entre negros e brancos.

Feito o retrospecto, quero revelar o que encontrei numa pesquisa aprofundada sobre o hino “Alvo mais que a neve”.

No catálogo da editora “Robert Coleman”, reproduzido por William Jensen Reynolds (ver: Hymns of Our Faith, p. 270, Nashville, TN, USA, 1964), figurou o hino de James Nicholson (1828-1876), intitulado “Lord Jesus, I long to be perfectly whole” (1872), com base no Salmo 51: 7). A letra das estrofes é diferente, entretanto, no estribilho, reza: “Whiter than snow, yes, whiter than snow; now wash me, and I shall be wither than snow’ (Mais branco do que a neve, sim, mais branco do que a neve, agora lava- me, e eu serei mais branco do que a neve).

Essa letra de Nicholson foi aproveitada no “Baptist Hymnal” (Hinário Batista), edição de 1956, e teve, entre 1956 e 1975, sete  milhões de exemplares vendidos.

A edição de 1975 manteve o hino de Nicholson, sob o no. 185; depois a letra e a referência desapareceram na história da HINODIA.

Os prezados leitores confiram as informações deste e do artigo precedente.

Brasília, DF, em 09 de julho de 2023.

Rolando de Nassau.

© 2023 de Rolando de Nassau – Usado com permissão
Doc.HC-151

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