As Edições do Cantor Cristão em Ordem Cronológica – Rolando de Nassau

Em 1977, publicamos em nossa coluna musical em “O Jornal Batista uma série de quatro artigos, intitulada “Fontes históricas do Cantor Cristão”  (ver: “O Jornal Batista”, 28 ago, 11 set, 25 set e 02 out 77).

Em 1991, na antiga sede da JUERP, no subúrbio carioca de Tomaz Coelho, pesquisamos as coleções de “O Jornal Batista”, de 10 de janeiro de 1901 a 30 de junho de 1930 (ver: OJB, 14 jun e 28 jun 92).

Juntando aqueles dados históricos com os mais recentemente obtidos temos condições de oferecer aos leitores informações confiáveis a respeito das edições do “Cantor Cristão”.

1ª. edição – 1891

Continha 16 hinos, compilados por Salomão Luiz Ginsburg (1867-1927), auxiliado pelo missionário metodista George Benjamin Nind (1860-1932), que trabalhou em Pernambuco (1882-1892).

Lançada em julho ou agosto de 1891, em Recife (PE). Em novembro de 1891 aconteceu o batismo de Ginsburg, em Salvador (BA), deixando assim a Denominação Congregacionalista. Ver: “O Bíblia”, nos. 13, 14 e 16, set.out.dez. 189l; OJB, 26 jun 1913, p. 02; Salomão Luiz Ginsburg, Um judeu errante no Brasil. 2ª. ed., pp. 52-53 e 114-115. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1970; A. R. Crabtree, História dos Baptistas do Brasil. Vol. I, pp. 90 e 93. Rio de Janeiro: CPB, 1937.

2a. edição – 1891

Com 23 hinos, lançada em novembro de 1891, em Salvador (BA). Ver: “O Christão”, no. 10, out. 1892; João Gomes da Rocha, “Salmos e Hinos com Músicas Sacras”. 4ª. ed. Advertência. London: Henderson and Spaulding, 1919; Henriqueta Rosa Fernandes Braga, “Salmos e Hinos – sua origem e desenvolvimento”, pp. 54 e 55. Rio de Janeiro: Igreja Evangélica Fluminense, 1983; A. R. Crabtree, op. cit., p. 93.

3a. edição – 1892

Com 23 hinos, lançada em Salvador (BA). George Benjamin Nind importou, nos EUA, algumas dúzias de exemplares da 3ª. edição para serem usa dos pelos portugueses imigrantes em New Bedford (Massachussets, EUA). Ver: “O Christão”, no. 19, jul. 1893; OJB, 26 jun 1913, p. 02.

4ª. edição – 1893

Com 63 hinos, lançada, em Niterói (RJ), em setembro de 1893.

5a. edição – 1894

Com 113 hinos, impressa na Tipografia Evangélica Batista, em Salvador (BA). Ver: A. R. Crabtree, op. cit., p. 93.

6ª. edição – 1896

Ginsburg trabalhou em Campos (RJ) de outubro de 1893 a setembro de 1900. Com 153 hinos, lançada em Campos (RJ). Ver: “O Christão”, no. 57, set. 1896; A. R. Crabtree, p. 172.

7ª. edição – 1898

Com 210 hinos, impressa na Tipografia “As Boas Novas”, em Campos (RJ).

8ª. edição – 190l

Lançada com os 210 hinos da 7ª. edição, acrescida de 15 hinos de Ira David Sankey (1840-1908); esgotada em setembro de 1902. Ver: OJB, 10 mai 1901, p. 04, e 17 out 1902, p. 04.

9ª. edição – 1902

Com 224 hinos. No prelo, em setembro de 1902; lançamento anunciado para dezembro de 1902; esgotada em agosto de 1903. Ver: OJB, 17 out 1902, p. 04, e 31 ago 1903, p. 08.

10ª. edição – 1903

Editada pela Casa Publicadora Batista, no Rio de Janeiro (DF), com 225 hinos. Os exemplares do “Cantor Cristão” foram depositados nas residências dos missionários J. J. Taylor, A. L. Dunstan, Z. C. Taylor, S. L. Ginsburg, Eurico Nelson e J. E. Hamilton. Ver: OJB, 10 jan 1904, p. 04.

11a. edição – 1907

Desde outubro de 1906 preparada por Ginsburg em Recife (PE), que solicitou aos leitores de OJB hinos novos para o “Cantor Cristão”. Com 300 hinos e respectivo índice, pronta para impressão em fevereiro de 1907; lançada em junho de 1907, por ocasião da organização da Convenção Batista Brasileira; quase esgotada em fevereiro de 1910; de Recife (PE) foi enviada ao Rio de Janeiro (DF) para ser impressa na Casa Publicadora Batista. De 1900 até outubro de 1909, Ginsburg trabalhou no campo batista pernambucano. Ver: OJB, 30 out 1906, p. 03; 28 fev 1907, p. 04; 20 jun 1907, p. 04; 03 mar 1910, p. 05; Ginsburg, op. cit., pp. 121-147; “A Mensagem”, Vol. VI, p. 29, mar 1911.

12a. edição – 1911

Durante os dez primeiros anos de OJB (1901-1911) somente a letra dos hinos era publicada. No início da década de 1910 começaram a surgir as letras com as respectivas músicas, enquanto não era possível publicar a edição musicada do “Cantor Cristão”, o que só aconteceria em 1924.

Com 400 hinos, preparada por Ginsburg, em Salvador (BA), desde janeiro de 1910. Com os lucros da edição, Ginsburg planejava publicar o “Cantor Cristão com Música”. Ficou a 12ª. edição pronta para impressão em fevereiro de 1911. Em março deste ano, foi lançado um “Suplemento”, com 70 hinos, anuncia do em “A Mensagem”, p. 29. Editada em Salvador (BA), mas impressa no Porto (Portugal), com índice dos assuntos, a 12ª. edição foi distribuída na assembleia da Convenção Batista Brasileira, em Campos (RJ), em junho de 1911, quando Ginsburg foi eleito relator da Comissão de Elaboração da edição musicada do hinário,  integrada por W. E. Entzminger, O. P. Maddox, E. Paranaguá e A. Joyce. A Convenção Batista Brasileira adotou oficialmente o “Cantor Cristão” como hinário da Denominação Batista no Brasil. O “Cantor Cristão com Música” seria impresso na Alemanha, num formato semelhante ao do “Salmos e Hinos”.

Ginsburg tinha informado, no periódico da Comissão de Evangelização da Bahia (“A Mensagem”, p. 46) que os originais da 12ª. edição achavam-se  nas oficinas gráficas em Portugal e comentou: “ … os hinos passaram ao cadinho de uma crítica rigorosa e, desse modo, estão, sob o ponto de vista doutrinário, dignos de apreciação … as métricas e linguagem dos hinos correspondem a toda expectativa … o belo arranjo do índice de assuntos auxiliará muito aos diretores das reuniões”.

Em 20 anos (1891-1911) foram vendidos 65 mil exemplares do “Cantor Cristão” para 10 mil membros em 140 igrejas batistas existentes no Brasil.

Na década 1911-1920 dobrou o número de batistas no Brasil. A década de maior crescimento numérico dos Batistas correspondeu à década de maior número de letras e/ou músicas de hinos publicadas em “O Jornal Batista” !

Em 1920, a tiragem semanal de OJB era de 5 mil exemplares!

Ver: OJB, 03 fev 1910, p. 06; 03 mar 1910, p. 05; 02 fev 1911, p. 07; 09 mar 1911, p. 06; 06 jul 1911, p. 11; 17 ago 1911, p. 06; 02 nov 1911, p. 02; 09 nov 1911, p. 07. “A Mensagem”, Vol. VI, p. 29, mar 1911; p. 46, abr 1911; p. 76, mai 1911; p. 191, jul 1911; Atas da 5ª. assembléia da CBB, par. 75 e 76. Campos (RJ), 21-25 jun 11; Ginsburg, op. cit., pp. 225 e 234; José dos Reis Pereira, História dos Batistas no Brasil. 3ª. ed., pp. 145-146 e 172. Rio de Janeiro: JUERP, 2001.

13ª. edição – 1912

Em fevereiro de 1912, Salomão Luiz Ginsburg (1867-1927) foi a Portugal para contratar com a Tipografia “Mendonça” (Porto, Portugal) a impressão desta edição. Ver: “O Jornal Batista”, 09 mai 1912, p. 06; Ginsburg, Um judeu errante no Brasil. 2ª. ed., pp. 155-157. Rio de Janeiro:Casa Publicadora Batista,1970.

14ª. edição – 1914

Enquanto não ficava pronta, foi lançado um folheto com 42 hinos novos. Editada com 450 hinos no Rio de Janeiro (DF), mas impressa no Porto (Portugal). Pela segunda vez, o “Cantor Cristão” continha índice de assuntos.

Na assembleia da Convenção Batista Brasileira, no Rio de Janeiro, em junho de 1914, foi distribuído um “Souvenir” com hinos publicados em “O Jornal Batista”. Nessa assembleia foi eleita a Comissão do Hinário: S. L. Ginsburg, W. E. Entzminger e O. P. Maddox; revisores gramaticais: Adalbert Nicholl e Amelia Joyce; Ginsburg reeleito para a relatoria; eles confessaram: “ainda não é o que almejávamos que fosse”.

Foi anunciada a impressão do “Cantor Cristão com Música”, a ser lançado na assembléia da CBB em 1915; a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) prejudicou os planos de Ginsburg. Ver: OJB, 02 out 1913, p. 08; 09 out 1913, p. 08; 12 mar 1914, p. 07; 26 mar 1914, p. 07; 07 mai 1914, p. 07; João Gomes da Rocha, “Salmos e Hinos  com Músicas Sacras”, 4ª. ed., 1919.

15ª. edição – 1917

Anunciado o lançamento para o fim do ano de 1916 ou princípio de 1917. Ginsburg afastou-se da Comissão do Hinário, possivelmente por discordar de Entzminger a respeito da edição do “Cantor Cristão com Música”; eles trabalharam juntos (1914-1920) na administração da Casa Publicadora Batista, mas nem sempre concordaram na elaboração do hinário. Ver: OJB, 09 nov 1916, p. 11; 01 fev 1917, p. 11; Ginsburg, op. cit..p. 191.

16ª. edição – 1918

Preparada em plena Primeira Guerra Mundial. Impressa com 500 hinos nas oficinas gráficas da Casa Publicadora Batista, no Rio de Janeiro (DF). Esgotada em outubro de 1919. Ver: OJB, 20 nov 1919, p. 11.

17a. edição – 1921

A CBB tinha convidado, em 1920, Manoel Avelino de Souza, Ricardo Pitrowsky e Emma Paranaguá para a revisão das letras dos hinos e a publicação desta edição; com a substituição de E. Paranaguá por W. E. Entzminger, foi feita nova revisão. Continha 571 hinos. Foram impressos 15 mil exemplares.

Lançada em março de 1921; esgotada em dezembro de 1922. Ver: OJB, 23 dez 1920, p. 12; 10 mar 1921, p. 12; 10 nov 1921, p. 5; 11 jan 1923, p. 9; Ginsburg, op. cit., p. 115.

18a. edição – 1924

Precedida pela coletânea de hinos evangelísticos, a ser usada até a publicação da 18ª. edição, esta estava em preparo desde 1922; continha só letras de 578 hinos. Impressa e lançada no Rio de Janeiro (DF). Ver: OJB, 07 set 1922, p. 60; 07 dez 1922, p. 1; 11 jan 1923, p. 9; 03 abr 1924, p. 5.

1a. edição com música – 1924 –

Planejada durante 13 anos (1911-1924). Em 1922 foram comprados os tipos com sinais musicais. A Casa Publicadora Batista encarregou Ricardo Pitrowsky de preparar a 1a. edição com música; ele apresentou proposta de emendas das letras dos hinos. Desde 1922 estava sendo impressa, por partes, nas oficinas gráficas da CPB, no Rio de Janeiro (DF). Continha 578 hinos. Em fevereiro de 1923 foi lançado o primeiro fascículo, com 51 hinos. Ver: OJB, 20 mar 1919, p. 12; 07 set 1922, p. 60; 08 fev 1923, p. 11; 13 dez 1923, p. 8; 03 abr 1924, p. 5; 29 mai 1924, p. 4; Atas da Convenção Batista do Distrito Federal, 1924, p. 17; “O Bandeirante”, 1925-1926; Antonio Neves de Mesquita, História dos Batistas do Brasil, Vol.2, pp. 125 e 272. Rio de Janeiro: CPB, 1940.

2ª ediçãos com música – 1930 e 1935. e 3ª.

Como ensinou Henriqueta Rosa, “edição é o lançamento de uma obra; se esta sofrer revisão e/ou acréscimo, e for reeditada, será uma nova edição; porém, se se tratar de uma simples reimpressão em tudo idêntica à anterior, sem qualquer alteração, será denominada tiragem”.

Por não termos em mãos estes hinários de 1930 e 1935, não estamos em condições de saber se eram realmente edições ou tiragens.

28ª. e 29ª. edições – 1941 e 1954 –

Idem, em relação aos hinários de 1930 e 1935. Ver: Henriqueta Rosa Fernandes Braga, “Salmos e Hinos” – sua origem e desenvolvimento, p. 37. Rio de Janeiro: Igreja Evangélica Fluminense, 1983.

30ª. edição – 1956 –

Ainda com 578 hinos, editada pela Casa Publicadora Batista e impressa em suas oficinas gráficas (Rua Silva Vale, 781, Tomaz Coelho), no Rio de Janeiro (DF).

31ª. edição – 1958 –

Conforme determinação da assembleia convencional de 1958, foi distribuída entre líderes da CBB para apreciação em caráter experimental.

Editada e impressa pela Casa Publicadora Batista. A Comissão Revisora (Manoel Avelino de Souza, Ricardo Pitrowsky, Moysés Silveira e Alberto Portella) propôs à CBB que no “Cantor Cristão” fossem conservados 460, sendo suprimidos 118 hinos da 18ª. edição (1924); a revisão não foi bem recebida; durante 13 anos (1958-1971), o “Cantor Cristão” ficou praticamente intocado e desconhecido pelo público batista.

32a. e 33ª. edições –

Entre 1958 e 1963, houve circulação restrita aos líderes da Convenção Batista Brasileira.

34ª. edição – 1964

Com 580 hinos, tendo sido elaborada por Manoel Avelino de Souza e Ricardo Pitrowsky, foi revista por Werner Kaschel, José dos Reis Pereira e Mário Barreto França, em janeiro de 1963, para corrigir a linguagem e atualizar a ortografia. Impressa pela CPB no Rio de Janeiro.

35ª. edição –

Não sabemos se era realmente uma edição ou uma tiragem. As sucessivas impressões, que alteraram os textos dos hinos, talvez não possam ser consideradas edições. Em 1968, Joan Riffey Sutton fez intensa pesquisa hinológica.

36a. edição – 1971 –

Elaborada pela Comissão integrada, até 1962, por Manoel Avelino de Souza (1886-1962) e Ricardo Pitrowsky (1891-1965), foi revista por Werner Kaschel,  José dos Reis Pereira e Mário Barreto França, assessorados por Bill Ichter na parte da documentação. Continha 581 hinos. Editada pela JUERP e impressa na CPB, no Rio de Janeiro (RJ).

Características: acréscimo de índices e documentação hinológica.

Na “Apresentação”, redigida em julho de 1971, Bill Ichter informou: “os hinos estão todos com ortografia atualizada”. A lei no. 5.765, sancionada em 18 de dezembro de 1971, aprovou alterações na ortografia da língua portuguesa.

Observação: com a supressão de quatro hinos e adaptação na letra de 17 hinos, a 36ª. edição do “Cantor Cristão” foi adotada, em 1974, pela Convenção Baptista Portuguesa.

4ª. edição com música – 1971 –

Publicada sob a supervisão do Departamento de Música da JUERP, dirigido por Bill Ichter, que foi auxiliado por Henriqueta Rosa Fernandes Braga, Antônio Azeredo Coutinho e Ivo Augusto Seitz. Impressa pela CPB. Continha 581 hinos e 8 índices. Reproduzia as músicas e as letras da 34ª. edição (1964).

Características: correção da harmonia e introdução de novos termos musicais e novos cabeçalhos. Ver: Rolando de Nassau, Dicionário de Música Evangélica. 1ª. edição, p. 46. Brasília: edição do autor, 1994.

37ª. edição – 2007 –

Editada pela JUERP (Rio de Janeiro, RJ) e impressa pela Geográfica (Santo André, SP). Contém 581 hinos. Lançada em janeiro de 2007.

Preparada pela comissão integrada por Leila Christina Gusmão dos Santos (relatora), Marilene Coelho (letras) e Marcelo Yamazaki Carvalho (musicografia). Talvez a mais importante tarefa tenha sido a verificação da métrica dos hinos.

Uma pesquisa mais paciente e criteriosa poderá esclarecer as obscuridades na história do “Cantor Cristão”; ela seria um capítulo importante na história dos Batistas no Brasil.

Rolando de Nassau

 

© 2007 de Rolando de Nassau – Organizador do “Dicionário de Música Evangélica” – Usado com permissão